Confesso que já tinha outro artigo pensado, mas dada a efeméride, não quis deixar de deixar esta celebração com um simples fotografia no Instagram.

O disco “Seventh Son of a Seventh Son” dos Iron Maiden completa 30 anos  da edição original. 11 de abril de 1988 foi a data escolhida que o grupo britânico para lançar o sétimo disco da carreira.

Quando alguém me pergunta: “qual é a tua banda favorita de sempre?” eu normalmente respondo: “Tenho muitas”. Mas se pudesse escolher só uma, os Iron Maiden são facilmente escolhidos. E quando me pedem para justificar, eu apenas digo: Seventh Son.

Desde o design da capa, a temática do álbum, e as músicas em si, este disco é talvez o ponto de rebuçado da carreira dos ingleses. Não estou a dizer que não fizeram grandes álbuns posteriores a este, mas «Seventh Son of a Seventh Son» é talvez o culminar do percurso dos Iron Maiden na década de 1980.

“Posso brincar com a loucura?”

Antes de mais, é crucial salientar que este disco é um álbum conceitual que aborda a lenda do sétimo filho do sétimo filho. De forma sucinta, a história envolve uma criança com poderes sobrenaturais enviada para ser um representante do bem ou do mal na Terra.

No que diz respeito a letras, Seventh Son debruça-se em torno de diversas questões filosóficas: “bem contra o mal” [The Evil that Men do], visões proféticas [The Claryoviant] ou misticismo [Moonchild] são apenas alguns dos assuntos referidos nas canções.

Em termos musicais, os sintetizadores estão em força máxima (afinal de contas relembro que o álbum foi lançado nos anos 1980) mas a identidade que sempre distinguiu os Iron Maiden está lá. Os solos de guitarra, a bateria frenética, o imponente baixo e claro o timbre inconfundível de Bruce Dickinson.

Nesta década, existia o complexo que, se uma banda de rock usasse sintetizadores na sua sonoridade. eram “vendidos ao sistema” e rockeiros posers. O mainstream deste género musical era dominado pelos Bon Jovi, Def Leppard, Motley Crue e Poison. Claro que havia excepções como os Guns N Roses e os Metallica, mas só teriam o seu “boom” no início da década seguinte.

“Tu não consegues tocar heavy metal com sintentizadores”

As palavras são de Bruce Dickinson e foram documentadas em vídeo em 1984 durante a digressão de «Powerslave». Mas, pelos vistos, dois anos depois os Iron Maiden iriam aventurar-se nesse “admirável mundo novo” dos sintetizadores no disco «Somewhere in Time», tendo culminado em «Seventh Son of a Seventh Son»

Mas afinal que loucura foi esta, senhores dos Iron Maiden, de fazer músicas épicas com sintetizadores? Passando a redundância «Can I Play with Madness?» é um dos singles deste lançamento discográfico e é um das músicas que mais gosto do seu vasto repertório.

Na altura em que comecei a ouvir a banda, os telediscos também foram importantes para definir a personalidade que os Iron Maiden assumiam neste registo. Não tenho memória concreta em como me deparei com o vídeo desta música, mas só sei que tinha hábito de o ver várias vezes de seguida. Havia qualquer coisa de “mágico” entre o vídeo e a canção. O facto de Graham Chapman dos Monty Python fazer de professor é talvez um ponto que torce

Há poucos álbuns que roçam o perfeito, mas Seventh Son a Seventh Son está lá bem perto. Tem tudo de lá. Tem músicas épicas (como a faixa homónima) sem esquecer os singles orelhudos como «The Evil That Men Do» ou «Can I Play With Madness». Tem as “cavalgadas” que a guitarra-baixo de Steve Harris nos habituou («The Clairvoyant») e temas com letras meticulosamente escritas («Infinite Dreams»)

Não tenho dúvidas que, quando for velhinho, irei continuar a ficar com pele de galinha quando ouvir a melodia do sintetizador de «Moonchild», a faixa que abre este disco. Tal como fiquei no início do concerto dos Iron Maiden na Altice Arena em 2013.

Por isso só me resta dizer uma coisa: Up The Irons!

Crónica: João Pardal